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A herança educacional que Fidel deixa ao mundo

Nestes dias de luto pela morte, na noite da última sexta-feira (25), de um dos maiores líderes da América Latina — e de todo o mundo —, se fôssemos ler o testamento simbólico que Fidel Castro nos deixa, a educação cubana certamente seria um dos legados principais. Legado, aliás, do qual o Brasil carece, sobretudo num momento em que o governo golpista impõe uma reforma do ensino médio excludente e privatista ao mesmo tempo em que corta investimentos públicos em políticas sociais, incluindo em educação.

A importância de Fidel é crucial para compreender as conquistas educacionais na pequena ilha do Caribe. Na década de 1950, 43% dos cubanos eram analfabetos e 44% nunca tinham ido para a escola, conforme aponta, ironicamente, um estudo feito pelo Conselho Nacional de Economia dos Estados Unidos, entre maio e 1956 e junho de 1957, publicado em um relatório intitulado “Investment in Cuba”. Foi justamente a partir do triunfo da revolução de 1959 que se deu início a uma série de projetos sociais e educacionais, sendo o mais conhecido precisamente o da educação, que transformou Cuba no primeiro território livre do analfabetismo na América Latina.

Enquanto a equivocada reforma do ensino médio imposta pelo governo de Michel Temer foi motivada e justificada pelo baixo desempenho dos estudantes de ensino médio brasileiro em avaliações como o Enem, bem como baixas notas de escolas, Cuba foi o único país da América Latina a atingir as metas educacionais da Unesco. Enquanto o Brasil cumpre apenas duas das seis metas, a ilha atingiu todos os seis objetivos entre 2000 e 2015.

As comparações são necessárias e inevitáveis. Enquanto Cuba investe mais de 12% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em políticas educacionais, estamos caminhando para sequer conseguir cumprir a meta de 10% até 2024 do Plano Nacional de Educação. Lá, o Estado é o responsável integral da educação, como na Finlândia e na França. Há uma grande valorização social da profissão docente em todos os seus níveis e os salários dos professores equivalem aos de outros profissionais como médicos e físicos. As Universidades Pedagógicas têm um alto grau de formação e de exigência. Nunca há mais de 18 crianças por sala e o tempo dedicado a cada criança pra elaborar e problematizar respostas individuais é duas vezes maior que o do restante da América Latina.

O resultado positivo também se dá porque, ao contrário do que acusam os detratores de Fidel — inclusive na “grande mídia” brasileira, que, na contramão da maior parte dos países do mundo ao reconhecer seu legado heroico e histórico, insistiu em tratá-lo como ditador —, a educação escolar cubana é baseada na formação humana e crítica. O avanço da educação cubana é uma realidade, portanto, pelo incentivo ao conhecimento de sua própria história (e da história do mundo) e à liberdade de pensamento, nada mais nada menos do que aquilo que os setores capitalistas e conservadores querem eliminar de vez no Brasil por meio da reforma do ensino médio e da Lei da Mordaça defendida pelo movimento Escola Sem Partido.

“Hasta la victoria siempre”, famosa frase de Ernesto “Che” Guevara, não é apenas o lema da revolução cubana comanda por Fidel. É, na verdade, o lema de nossa luta diária por uma educação realmente vitoriosa: pública, gratuita, democrática, inclusiva, para uma sociedade livre do analfabetismo e da opressão. Como a educação cubana.

Contee, com informações dos sites Pragmatismo Político e Opera Mundi

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