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Encerramento de exposição de arte mostra o fascismo que vitima a cultura e a educação

Além da educação, a cultura também é vítima da censura e dos ataques do patrulhamento ideológico. Foi o que se viu ontem (10) com o encerramento, pelo Santander Cultural, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, da exposição QueerMuseu — Cartografia da Diferença na América Latina, um mês antes do previsto. A decisão foi tomada após o banco se render às agressões e ataques homofóbicos por pessoas identificadas com o Movimento Brasil Livre (MBL), entre os quais o secretário municipal de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário, e o deputado estadual Marcel Van Hattem (PP).

De acordo com notícia publicada ontem pelo jornal Extra Classe, do Sinpro/RS, a QueerMuseu, que abriu ao público no dia 15 de agosto, foi a primeira exposição com recorte em obras de arte de temática LGBT realizada no Brasil. Segundo os organizadores: reuniu 270 obras de 85 artistas, entre eles nomes consagrados da arte contemporânea como Adriana Varejão, Fernando Baril, Lygia Clark, Candido Portinari e Leonilson.

“Nem com um time de artistas de primeira grandeza conseguiu resistir aos ataques de ordem moral que criticaram o caráter contemporâneo da mostra, com a utilização de símbolos religiosos junto a temáticas sexuais e de gênero que exaltavam o sentido libertário da arte”, informou o jornal. “O curador da exposição, Gaudêncio Fidélis, definiu a situação antes do fechamento oficial da mostra como ‘extremamente complicada’ e relatou que a violência do grupo agressor cresceu nos últimos dias – culminando com os ataques diretos a frequentadores da mostra neste sábado, 9. ‘Eles entravam continuamente na exposição e agrediam verbalmente os visitantes, artistas e até organizadores. A tática que usam é de filmar principalmente crianças e adolescentes e perguntar, aos gritos, se são tarados ou pedófilos. Os seguranças não deram conta de tirá-los do espaço’, lamentou Gaudêncio.”

Ainda de acordo com o Extra Classe, as agressões começaram pelas redes sociais na última sexta-feira (8) e se espalharam pelas páginas de simpatizantes do MBL. As postagens denunciavam uma suposta profanação de símbolos católicos e incentivos à pedofilia e à zoofilia. “Os autores das mensagens exortavam os clientes do Santander a fecharem suas contas no banco caso a exposição fosse mantida. Também ameaçavam denunciar o banco e os organizadores ao Ministério Público”, apontou o jornal.

Em nota divulgada neste domingo, o Santander pediu desculpas “aos que se sentiram ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra” e argumentou que, embora nunca tenha interferido no conteúdo apresentado por artistas e curadores nas exposições, desta vez ouviu “as manifestações” e entendeu “que algumas das obras da exposição desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas”.

Conforme o Extra Classe, o encerramento da mostra provocou indignação nos meios culturais de Porto Alegre, que apontaram também a preocupação do banco com seus próprios interesses econômicos. O curador da exposição considerou ainda que o maior desastre é o precedente aberto pelo cancelamento. “Minha tristeza não é por mim, mas pela enorme celebração que a exposição representou ao criar um espaço seguro de liberdade para as pessoas caminharem e verem a arte de mãos dadas. Um sonho que se foi rápido”, lamentou Fidélis.

Esse mesmo fascismo que ataca uma exposição de arte é aquele que se infiltra nas escolas, que tenta amordaçar o magistério, que impede — em sessões tumultuadas nos parlamentos de todo o país — a aprovação de planos de educação nos quais o combate à discriminação de gênero seja uma das diretrizes de um ensino comprometido com a formação cidadã. As consequências podem ser — e já são — funestas.

“O episódio lembra as agressões de Hitler à arte moderna, que tachou de ‘arte degenerada’ as pinturas de Paul Klee, Marc Chagal, Henri Matisse, Paul Gauguin, Lasar Segall, Wassily Kandinski, entre dezenas de outros artistas, e determinou, nos anos de 1930, as bases de uma arte ariana em contraponto à pintura ‘judia-bolchevique’. Em 1937, o regime de Hitler promoveu uma exposição de artistas modernistas propositadamente expostas de modo caótico com o objetivo de inflamar a opinião pública”, lembrou o jornal do Sinpro/RS. “O resultado, na década seguinte, é bem conhecido.”

Por Táscia Souza, com informações do jornal Extra Classe, do Sinpro/RS

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