Em seu primeiro dia de reunião, a Direção Executiva da Contee analisou a situação política nacional, trocou informações sobre sua atuação internacional e definiu medidas para reforçar a participação das entidades e da categoria na Conferência Nacional Popular de Educação (Conape), em maio, em Belo Horizonte.
A reunião teve início neste dia 27, em Brasília. O coordenador-geral, Gilson Reis, ao tratar do primeiro tema de pauta, “Conjuntura: O golpe aprofunda – dilemas e organização da luta”, destacou “três elementos do momento atual. O julgamento do ex-presidente Lula, que evidenciou a falta de materialidade do crime e o objetivo de impedir sua candidatura à Presidência da República; a intervenção militar na segurança do Rio de Janeiro, uma atitude dramática – desde o fim da ditadura não vivíamos isso. Vão buscar ampliar a questão da segurança para todo o país, podendo até inviabilizar as eleições deste ano. O terceiro elemento é que não conseguiram derrotar completamente os setores populares. Conseguimos barrar a reforma da Previdência e a resistência popular aumenta, como demonstrou o Carnaval do Fora Temer e do Lula-lá e o desfile do Paraíso da Tuiuti, no Rio, denunciando o golpe e a manipulação mediática”.
Os diretores, em suas intervenções, alertaram que a direita continua ativa, com perseguições principalmente ao PT, agora alvejando o ex-governador Jacques Wagner, da Bahia. “Os golpistas ainda não conseguiram encontrar um candidato presidencial que os una. Agrava-se a crise social. O ano começa com queda de quase 6% da indústria da construção civil; 27 milhões de desempregados; retrocesso nos salários, devido à reforma trabalhista; tentativa de criminalizar o movimento popular, social e sindical”, afirmaram. Acusaram, também, o retrocesso nas políticas públicas.
Apontaram que as mobilizações populares continuam, com o Fórum Social Mundial (de 13 a 17 de março, em Salvador-BA), o 8º Fórum Mundial da Água (de 18 a 23 de março, em Brasília-DF), a Conape (de 24 a 26 de maio, em Belo Horizonte-MG), e o Congresso Nacional do Povo (em meados de julho). Salientaram, ainda, a importância da participação dos sindicalistas nas campanhas eleitorais de 2018 para garantir a eleição de parlamentares e chefes de Executivo comprometidos com os interesses dos trabalhadores.
Ação internacionalista
A coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee, Maria Clotilde Lemos Petta, relatou sua participação no Congresso Internacional da Educação Superior — Universidade 2018, em Havana. O tema do encontro, organizado pelo Ministério da Educação Superior de Cuba e pelas universidades cubanas, foi “A Universidade e a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável no centenário da Reforma de Córdoba”. Mais de 3 mil participantes de cerca de 60 países marcaram presença.
Durante o encontro, foi realçada a importância da participação das entidades na Conferência Regional de Educação Superior na América Latina e no Caribe (CRES). O evento ocorre em junho, na Universidade Nacional de Córdoba (Argentina), berço da Reforma Universitária de 1918, movimento que influenciou de forma decisiva o desenvolvimento do ensino superior na região. O encontro tem a finalidade de gerar estudos, diagnósticos e acordos que permitam construir um sistema integrado e comprometido com as necessidades dos países da América Latina e do Caribe. Suas conclusões também farão parte da agenda preparatória desses países para a próxima Conferência Mundial sobre o Ensino Superior, que será organizada pela Unesco.
Reforçar a Conape
Gilson relatou a reunião dos organizadores da Conape, dia 17 de fevereiro, em São Paulo, que definiu pelo adiamento da Conferência para maio. Do encontro, participaram pela Contee, além do coordenador-geral; a coordenadora da Secretaria de Assuntos Educacionais, Adércia Bezerra Hostin; e o coordenador da Secretaria de Finanças, José de Ribamar Virgolino Barroso.
Além da mudança de data, outras três questões foram aprovadas: a reiteração de que a Conape será ampla, massiva e popular; que as entidades e movimentos devem realizar o maior número de conferências livres para fazer o debate da educação; e iniciar imediatamente a elaboração do manifesto político da Conape através de consultas às entidades organizadoras.
Para a abertura da Conferência, no dia 24 de maio, está prevista uma grande manifestação e marcha pela capital mineira. “Antes do golpe, já prevíamos que a educação seria um de seus principais alvos. Teria compromisso com privatização e financeirização da educação, que o fórum e o conselho nacional de educação seriam atacados. Desde então nos esforçamos em construir um fórum mais amplo possível para contrapor-se ao governo golpista. Precisamos colocar nossas entidades em curso. A Conape pode ser a maior manifestação do movimento popular no primeiro semestre deste ano. Precisamos mobilizar a categoria também do ponto de vista material”, disse Gilson.
A reunião da Diretoria Executiva continua nesta quarta-feira, 28.
Carlos Pompe