Está repercutindo na Internet um vídeo produzido pela Confederação Latino-americana e do Caribe de Trabalhadores Estatais (Clate) que explica didaticamente o que é o Acordo sobre o Comércio de Serviços Internacionais (Tisa — do inglês Trade in Services Agreement) e quais são os perigos que ele representa. Embora em espanhol, o vídeo pode ser bem compreendido pelos falantes de português e mostra que o acordo, capitaneado sobretudo por Estados Unidos e União Europeia, alcança, até agora, em suas negociações secretas, por fora da Organização Mundial do Comércio, cerca de 50 países e cerca de 68,2% do comércio mundial de serviços, incluindo os serviços públicos, liberalizando-os, desregulando-os e atingindo em cheio tanto direitos dos trabalhadores quando questões essenciais como transporte, telecomunicações, saúde e educação.
A discussão sobre a entrada do Brasil no Tisa, iniciada no ano passado logo após o afastamento provisório de Dilma Rousseff e o começo do governo ilegítimo de Michel Temer, foi retomada no último mês, segundo os noticiários econômicos. No dia 14 de agosto, durante o lançamento da Comissão de Políticas de Comércio da Câmara de Comércio Internacional (ICC, na sigla em inglês), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou ao governo propostas que visam à eliminação de barreiras ao comércio de serviços, entre as quais a defesa da entrada do país em tratados comerciais de serviços prioritários, como o Tisa.
Trata-se de um desastre. Conforme apontado pela coordenadora da Secretaria de Relações Internacionais da Contee, Maria Clotilde Lemos Petta, em artigo publicado no ano passado, caso a inclusão seja concretizada, não bastassem todas as medidas privatizantes que já estão sendo implementadas pelo governo Temer, a adesão ao Tisa significa a liberalização geral do setor de serviços públicos, incluindo a educação, e a radicalização na transformação da educação em mercadoria, por exemplo.
Assista ao vídeo abaixo e entenda o que é o Tisa. Assim como a Clate, a Contee defende que a informação seja difundida para organizar a resistência a esse acordo.
Por Táscia Souza