A audiência pública que aconteceria hoje (1°) na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal para discutir liberdade de expressão na sala de aula foi suspensa depois de discussão entre grupos ligados a igrejas evangélicas, que defendem a implementação de uma Lei da Mordaça como a proposta pelo programa Escola Sem Partido — que de ‘‘sem partido’’ só tem o nome, já que é ligado a siglas conservadoras — e manifestantes que, como a Contee, lutam em defesa de uma educação crítica e democrática.
Mas o estopim para a suspensão se deveu ao fato de o senador Cristovam Buarque, autor do pedido de audiência e que presidia a sessão, ter sido chamado de golpista pelos representantes das entidades estudantis e de docentes, que defendem a democracia. Isso porque Cristovam foi um dos 61 senadores a votar favoravelmente ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
O tumulto se intensificou depois que Bráulio Porto de Matos, professor da Faculdade de Educação da UNB (Universidade de Brasília), um dos convidados a falar, afirmou que ‘‘os sindicatos de professores têm sido usados, via de regra, como nos Estados Unidos, para promover uma agenda político-partidária de esquerda’’.
Cristovam Buarque, então, pediu respeito à fala do professor, que retomou a apresentação, mas foi novamente vaiado. ‘‘Há pouco eu vi alguém ali dizer ‘partidos golpistas não têm direito a fala’. Isso não é democracia’’, afirmou Cristovam ao tomar novamente a palavra. ‘‘Agora eu vejo ali um cartaz me chamando de golpista. Eu queria que ficasse aqui na frente, deixe a televisão ver.’’ O pedido foi atendido.
Segundo o coordenador da Secretaria de Assuntos Institucionais da Contee, Rodrigo Pereira de Paula, a audiência será remarcada. Rodrigo conversou com Cristovam Buarque após a suspensão da sessão e informou que o senador manifestou interesse em marcar uma audiência exclusiva para ouvir a posição da Contee sobre o tema. A Confederação acaba de lançar uma Campanha Nacional contra a Lei da Mordaça, que fere a liberdade de cátedra, a Lei de Diretrizes e Bases e a prórpia Constituição.
Da redação, com informações do UOL